Elza Soares: eterna

Maíra Rodrigues dança diante de mural em BH com o rosto de Elza Soares na gravação do Manifesto do Portal do Bicentenário (foto: Priscila Bahiense)

O Brasil perdeu no dia 20 de janeiro de 2022, ano do Bicentenário de sua independência,  uma de suas maiores vozes, uma mulher que representa de forma fenomenal a arte brasileira que canta  a liberdade de corpos negros. Elza Soares. A deusa, a musa, a guerreira… muitos são os adjetivos que descrevem essa mulher, mas a incansável Elza Gomes da Conceição era categórica em dizer: “não sou refrigerante, não preciso de rótulo”.

A artista cresceu mais do que todas as adversidades que a vida lhe impôs, aliás, o mundo não, essa sociedade desigual em que vivemos.  Nunca parou de sonhar, nunca parou de cantar.

Em 34 discos, flertou com estilos que vão do samba ao eletrônico e nunca perdeu de vista o seu povo e a sua essência. Na música que batizou o álbum “A mulher do fim do mundo” (2015), ela pedia: me deixem cantar até o fim. E assim foi. Na interpretação da música “Carne”, em 2007, no show ao vivo  “Beba-me”, Elza Soares clama a independência da cor e do corpo negro: 

[…] ainda guardo o direito de algum antepassado da cor brigar por justiça e respeito. […] Tudo que acontece é minha carne negra. Vamos dar um basta! Está na hora de acabar com a violência. Estamos esperando o que mulheres do meu país? […] Vamos à luta! Precisamos de liberdade , paz [… ] Arrebentar estas correntes […]

Elza simboliza um projeto de liberdade, de independência da cor e do corpo. Corpo que canta a independência de ser mulher negra. Grita! Canta! Liberta!  Em setembro de 2021 ela esteve presente, segue presente e sempre estará presente no Portal do Bicentenário… Nesta foto de Priscila Bahiense, a bailarina Maíra Rodrigues dança diante de um lindo mural na capital mineira com o rosto de Elza Soares estampado durante a gravação do Manifesto do Portal do Bicentenário. 

Elza Soares ( 23 jun. 1930 – 20 jan. 2022)  será sempre uma inspiração da luta por independências. Por enquanto, obrigado/a!


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